Chilenos retratam o hip-hop brasileiro para a América Latina

O grupo de rap Legua York do Chile participante do 3° Encontro Nacional de Hip-Hop no Brasil. Narra para América Latina o que foi esse Encontro em São Vicente e traça um retrato do hip-hop brasileiro e da Nação Hip- Hop Brasil

O grupo publicou em seu blog e no site Hip-Hop Revolution uma avaliação do Encontro que aconteceu em São Vicente de 28 a 31 de janeiro, na palavra de um de seus representantes, o Nelson X.

O coletivo Hip-Hop Revolution é um similar institucional da Alba no movimento hip hop, congrega outros coletivos e grupos da América Latina que tenham comprometimento com as questões sociais, políticas e culturais de seus países.

O Legua York integra esse coletivo e é, segundo o Itaú Cultural, um dos grupos mais politicamente conscientes e ativos do circuito do rap no Chile. O líder do Grupo, Gustavo Árias, o Lulo, foi eleito pelo maior jornal do Chile, El Mercúrio como uma das principais liderenças juvenis do país.

Lulo, criado num dos maiores guetos de resistência do Chile, a favela La Légua, na comuna de San Joaquim, já se candidatou por duas vezes, deputado e vereador pelo Partido Comunista Chileno. Segundo ele, o hip-hop tem que ocupar todas as frentes, e a política é um desses fronts, é por onde passam as decisões de toda uma coletividade.

No 3° Encontro da Nação Hip-Hop Brasil, Lulo firma junto com Master integrante do grupo Área 23 da Venezuela e Malena líder do grupo Actitude Maria Marta da Argentina a Carta de São Vicente, que entre outras resoluções aponta para a construção de um coletivo internacional de hip-hop.

O Brasil, através da Nação Hip-Hop Brasil, deverá compor essa instituição de nível mundial e pelo retrato da Nação Hip-Hop Brasil, traçado pelo grupo em seu site oficial, já podemos vislumbrar as suas principias diretrizes. Traduzo na íntegra:

“Durante toda a conversa, me impressionou o nível das intervenções, todos entendíamos o hip-hop como um movimento social e de luta política, não havia divergências sobre isso, e acredito que no Brasil esse é o entendimento do mais novo grafiteiro até o mais experiente b.boy da velha escola.

Respeito pelas formas e estratégias desta luta pela reivindicacão dos direitos e o desenvolvimento desta Nação, formada por pessoas pobres e historicamente marginalizadas, aonde cabem as crianças, os velhos, os negros, os índios, os brancos, os homosexuais, os deficientes, os estudantes, os trabalhadores, enfim, todos os que se sintam povo.

O Brasil impressiona pela sua diversidade cultural institucional, aqui todas as frentes de luta são legítimas, sem exclusão: desde o forte trabalho de base, até a via eleitoral, passando por inumeráveis atividades culturais, o diálogo com as instituições, a investigação acadêmica, o encaminhamento das demandas na agenda pública, a ação direta, a participação nos meios de comunicação de massa, as alianças com outros setores, etc.

Sem prejuízos, sem abster-se de nenhum outro espaço, sem calar uma só palavra, e o mais importante, sem desviar un centímetro do objetivo central de transformação social, do qual o hip-hop é um ator, principal, a vanguarda, mas apenas um a mais."

Saudações Revolucionárias aos nossos irmãos latino americanos! Viva a Nação Bolivariana de Hip-Hop!

Mercedes Alencar é membro da direção nacional da Nação Hip Hop Brasil

Com informações de: www.hiphoprevolucion.org e leguayork.blogspot.com/


André Gomes: Reflexões sobre Universidade e Atitude

Voltei do encontro nacional da Nação Hip-Hop Brasil bastante animado com o que vi por lá. Não só pelo fato de ter sido o maior encontro de hip-hop já realizado no Brasil, mas por perceber que desde o primeiro encontro nacional em 2005 a rapa evoluiu demais e se percebe nas falas um grande amadurecimento.

Tive a honra de compartilhar com Renan do grupo Inquérito e com o Weber da UNEAFRO uma mesa de debates sobre a formação do povo brasileiro, Estado e nação. As intervenções e questões colocadas demonstram que a rapaziada tá em sintonia com a história do Brasil e tá procurando conta-lá a partir de nosso ponto de vista, o dos oprimidos.

Além disso, pra minha alegria encontrei uma pá de manos e minas que estão em alguma Universidade, alguns fazendo trabalhos de iniciação cientifica, outros já ingressando no mestrado como o próprio Renan e o Neto aqui de Marília, entre tantos outros. Voltando a Marília na segunda-feira fui conferir a lista de aprovados do vestibular da UNESP 2010. Para minha grande alegria um dos nomes presentes na lista de Ciências Sociais era o da Bruna Motta, uma guerreira da periferia mariliense que embora não seja do hip-hop tem uma ativa militância na pastoral da juventude.

Vai vendo ó truta, vou dar um exemplo da atitude da mina só pros leitores perceberem de quem falo, a Bruna sempre que compra um livro, lê inteiro de ponta a ponta e passa pra frente para que outras pessoas possam ler. Passa pra frente aqui não quer dizer que ela empresta, ela doa o livro e como condição apenas estabelece que a pessoa que está recebendo faça o mesmo depois de ler. Eu que tenho um cuidado grande com meus livros admiro seu desprendimento, para ela o conhecimento precisa ser socializado, imagina o que ela vai fazer com o que aprender na faculdade.

Feito esse relato vai aqui uma reflexão, as universidades no Brasil – particularmente as públicas – não foram feitas pra nós. Foram feitas pra formar a elite brasileira. Agora estão através de programas estimulando a ampliação do acesso, porém a lógica é a expansão que atenda as necessidades de mercado e não porque ficaram bonzinhos da noite pro dia. Embora seja um avanço importante a seleção das federais pelo ENEM há ainda muito a percorrer.

Pra nós não basta chegar lá, é verdade que a maioria de nós está ausente da universidade – particularmente as públicas – precisamos claro lutar pelo acesso, agora mais do que isso ao chegar lá depois de muito esforço não podemos nos contentar em reproduzir a estrutura elitista falida das universidades brasileiras. Precisamos questionar o porquê, por exemplo, da maioria das pesquisas realizadas nas universidades públicas atenderem a interesses privados e de mercado e não aos interesses da maioria do povo. Cheguei a Universidade há três anos com as melhores das expectativas e embora tenha encontrado por lá professores, estudantes e pesquisadores honestos, rapidamente descobri que se tem um lugar de onde a revolução não vai sair este lugar é a Universidade.

Dito isso, não quero dizer que não precisamos entrar neste espaço, pelo contrário, acho fundamental que possamos ocupar as Universidades, porém tenho claro que precisamos ocupa-lá para transforma-lá. A luta por uma Universidade que atenda as demandas populares é em última instância a luta pela reestruturação do estado. Não dá pra aceitar que o rico fique anos na universidade pública para se formar em medicina com o dinheiro do povo e depois monte seu consultório onde os únicos pobres que entrarão serão a faxineira e a secretária, essa era a reflexão sobre a universidade.
“Eu sei você sabe o que é frustração, máquina de fazer vilão” (Racionais MC’s)

É guerreiro, quantos não deixaram de cumprir um papel prá periferia e pro hip-hop devido as suas frustrações? Quantos manos e minas inteligentes e de personalidade não se utilizaram de seu talento pra fortalecer o crime e quantos outros não ficaram pelo caminho nos cemitérios da vida?

O barato é loco mano, pra nós exemplo bom tem que ser exemplo vivo, sem deixar claro de lembrar com saudades de manos como Preto Ghóez que nos deixam sua trajetória como referência. Mano, que saudades dos parceiros, o Wellington alemão tinha maior talento, estelionatário desde jovem quando foi preso a primeira vez foi com um talão de cheque de um médico. O mano falsificou a assinatura do doutor sete vezes e engabelou os gambé, porém seu RG não confirmou sua suposta identidade, o cara podia ter escrito um livro, ser um psicólogo, sei lá mano... Tinha um dom pra conversar que acalmava todos nós, morreu aos 30 anos com uma facada no pescoço.

O que dizer do Dé, muleque talentoso mandava altas manobras no skate, deixou pra trás sua mina e um muleque novo, morreu aos 23 anos mutilado e abandonado em uma estrada vicinal. Mó neurose, os leitores devem estar se lembrando de exemplos parecidos. Tipo o mano Osmar lá de Hortolândia, poderia escrever um livro só com casos deste tipo, mas a ideia aqui é apenas dizer que isso precisa acabar. As lágrimas correm enquanto escrevo este artigo, meu filho nasce daqui a seis meses e ele não vai poder desfrutar da companhia e da sabedoria desses manos, fico pensando que preciso lutar por um mundo melhor pra ele e para todos, graças a Deus to na correria para oferecer uma vida melhor pra ele. Pode ser que ele escolha o caminho errado, mas vai ter todas as condições de correr pelo certo, quem sabe ponho o nome dele ou dela em homenagem a um desses guerreiros e guerreiras que nos deixaram.
Sonhos? Eu sei que todo pobre tem, não quero ir pro Carandiru e sim pra Jerusalém (Flagrante)

Se é verdade que tem exemplos de manos e minas que se foram, tem também exemplos de outros que estão ai firmão na caminhada. Conheci o Flagrante, ex realidade cruel, há dez anos na cidade de Hortolândia, na época meu cabelo era cumprido e gozador que era ele me apelidou de Conam - aquele do filme. Se pá o mano nem se lembra de mim, mas que nada, lembrei dele só pra falar que ele construiu uma trajetória bonita no rap nacional e no auge do sucesso deixou pra trás a fama, os discos, os shows e as noitadas pra ser um guerreiro de Jesus.

Eu nem religioso sou na verdade, mas admiro a caminhada do guerreiro, assisti o show do Realidade Cruel em São Vicente e o grupo continua fazendo um rap de primeira, o Douglas e os parceiros que se somaram são talentosos demais. Porém não pude deixar de comentar com o manos de Marília que estavam comigo, o Flagrante faz uma falta danada, os fãs do guerreiro em todo o Brasil devem observar isso em cada show, porém tenho certeza que pra mina e pros filhos dele muitas vezes ele fazia falta em casa, é lá que está ele, firmando sua pequena empresa familiar, cuidando dos filhos e da família.

Podia escrever aqui mais um capítulo só de exemplos parecidos com o do Flagrante, cada vez menos gente ganha dinheiro com rap, como diz o Renan, não tem espaço pra todo mundo cantar e nem espaço pra todo mundo jogar bola. Não dá pra sair da quebrada Mano Brow e Ronaldinho todo dia, cada vez menos gente ganha dinheiro com rap, pelos menos os manos e minas sérios e com compromisso.

Tem uma pá de gente da antiga fazendo seus corre pra melhorar de vida, aqui em Marília posso citar o Rick e o preto LG que não desistem da caminhada do rap e estão na batalha pra gravar e divulgar o CD, porém é o dia inteiro trampando em outros corre. Tem o Colosso e o Rodrigo do Expresso verdade que fazem um corre loco pelo rap, mas que trampam o dia inteiro pra sustentar o barraco, enfim tantos outros que poderíamos citar.

O Aranha que também é conhecido como Afro-Rima é um muleque talentoso demais, em breve vou sugerir a publicação de um texto dele e os leitores poderão conferir. O mano trampa o dia inteiro carregando uns saco monstro pra botar comida no barraco, o filho dele nasceu há alguns meses, de vez quando os manos sentem a falta dele nas reuniões, eu fico orgulhoso porque ele faltou pra levar o muleque no hospital ou ajudar a mina nos corre o dia a dia, eu mesmo faltei na maioria das últimas reuniões, os parceiros já estão até encanados. Na última faltei porque minha mina tava enjoada e precisei passar pano no chão e dar banho nos cachorros.

Tem o Kauê que é um dos muleque mais talentoso que conheci nos últimos anos, o mano escreve e canta muito, mas seu talento não se encerra ai, o parceiro já é encarregado no trampo e já arrumou trampo pra uma pá de guerreiro que precisava, entre eles o próprio Aranha que citei acima.

O texto aqui pode ter dado uma reviravolta e pode não manter uma coerência, mas a ideia era só dizer que é preciso correr pelo rap e pelo hip-hop, mas é preciso se levantar e cuidar da família. Não pode ser exemplo pra nós, o MC locão da quebrada que representa nos palcos, trinca nos butecos e deixa a mina e os filhos largados no barraco, é preciso atitude mano e não podemos confundir atitude com cara feia.
“O Amor vencerá a guerra” (GOG)

Essa ideia de que tem uma guerra instalada nas quebradas dependendo da interpretação podemos concordar e isso pode de certa forma orientar nossas ações. Porém a mídia e a policia se utilizam deste estado de guerra pra justificar a violência policial, pra justificar a morte de inocentes e a forma autoritária que a polícia trata o povo na periferia, se tem guerra, nós temos lado e nosso lado é a periferia.

Precisamos combater a guerra com amor mano, amor a companheira, aos filhos, amor a quebrada, aos parceiros e parceiras, enfim amor ao próximo. Amo todos vocês, é por isso que continuo firme na caminhada, contrariar as estatísticas não pode ser só continuar vivo, tem que ser melhorar a vida e ajudar que outros possa também melhorar, não falo aqui em ser rico e pá, nem tenho essa ilusão, falo em ter uma vida humilde, porém digna, pode acreditar que um dia as palavras do poeta vão se confirmar e o amor vencerá a guerra.

PS: Dedico este texto a memória de todos os guerreiros e guerreiras que nos deixaram, a minha companheira querida Giovana e ao meu filho ou filha que vem por ai.

André Gomes é estudante de graduação em Ciências Sociais pela UNESP/MARÍLIA, dirigente nacional da Nação Hip-Hop Brasil, companheiro da Giovana e em breve será também pai.

Mulheres no Hip-Hop

As minas invadiram a praia do hip-hop

Aconteceu entre os dias 28 e 31 de janeiro em São Vicente, o 3º Encontro Nacional da Nação Hip Hop que contou com a presença de seus associados que vieram de diversas regiões do país.

O evento contou com a presença do grupo Area 23 da Venezuela, Legua York do Chile e Atictud Maria Marta da Argentina que discursou após a posse do presidente aliado G, "Considero o Aliado G também meu presidente".

No evento houve debates em tendas temáticas, workshops, cinema, shows em seus diversos estilos e rimas. Além do lançamento do livro "Hip hop a Lapis - A literatura do oprimido" e muita troca de experiências e confraternização entre os participantes.

O evento que é realizado pela Nação Hip Hop contou com boa estrutura, alojada e vista panorâmica em frente a praia da Biquinha em São Vicente, litoral paulista.

Durante o evento os grafiteiros foram para as ruas expressar sua arte nos muros, além de fazerem diversos painéis espalhados pelo evento, enquanto na Arena rolava shows com os Coletivos de Belo Horizonte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o grupo feminino Mixturadas.

O Destaque ficou para a tenda de debates "Anastácia" que aconteceu na sexta dia 29 com o tema: Lugar de Mulher é no Hip-Hop, onde a mediadora Mercedes Alencar questionou diversas ocasiões onde a mulher esta na luta e as debatedoras: Thiely Queen (Coletivo hip-hop mulher), DJ Simone (Site Mulheres no Hip Hop) e Simara (Soul Sisters) contaram suas experiências e o publico participou abertamente. No sábado dia 30 o tema foi: Se Liga! Sexo, Atitude e Informação com a Gisele (Coletivo Lilás) mediando o debate e Rúbia RPW, Ornella (Camará), Dulce Xavier (SPPM - São Bernardo) e Natasha Prevost (Canadá) debatendo com o publico essa questão que chegou a comover os presentes quando Rúbia relatou fatos que aconteceu em sua vida.

No domingo a Nação Hip Hop se reuniu para definir a nova direção nacional e discutir as resoluções, nesse momento, foi incorporado diversas pessoas ligadas ao hip hop enquanto era lido as resoluções e diretrizes da organização.

Mercedes Alencar em entrevista ao Site Mulheres no Hip Hop, disse que a luta é incorporar mais mulheres a Nação Hip Hop, para garantir no minimo 30% da representação feminina e no minino 1 (uma) mulher na direção nacional, citou exemplos como a Joice do grupo Tarja Preta que tem uma luta tremenda pela igualdade de gêneros.

As mulheres indicadas foram: Mercedes Alencar - Pandora (ES) - Gisele (SP) - Negraça (SE) - Eva (Sumaré) - Nina Rodrigues - Rubia e Joice (Tarja Preta). Mercedes acrescenta ainda que esta em andamento a criação de uma secretaria de mulheres, transformando em uma rede internacional contando com participação de Actitud Maria Marta e outras mulheres guerreiras espalhadas pelo mundo, "a Nação esta bem organizada, contamos com diversas experiências dentro e fora do Brasil, como na Venezuela e Chile, iremos enviar uma carta de São Vicente de princípios fundamentais para atuarmos nas políticas publicas e em outros segmentos. “ finalizou Mercedes.

O encerramento contou com shows de Face da Morte, MV Bill e fechou com chave de ouro com o grupo "Actitud Maria Marta" da Argentina que chamou ao palco o Lulo do Chile e o aliado G para cantarem juntos, além de convidarem ao palco algumas rimadoras brasileiras dentre elas a Amanda do grupo Miscivel e Mariah do grupo La Femina.

Fonte: mulheresnohiphop.com.br

Mano Oxi: Hip-Hop estremece a praia de São Vicente

“Quem sabe faz a hora e não espera acontecer” foi exatamente isso que aconteceu na praia da Biquinha, em São Vicente, entre os dias 28 a 31 de Janeiro. Mais de mil manos e minas compareceram no 3º Encontro Nacional da Nação Hip-Hop Brasil, comprovando que o nosso movimento se mantém vivo e combativo mais do que nunca.

Ônibus com delegações de todas as partes do Brasil foram chegando na Praia de São Vicente. Mó satisfação rever guerreiros e guerreiras que contribuem na construção de nossa organização, em seus estados, todos juntos com um só sentimento.

O contingente de jovens foi tanto, que foram precisos dois alojamentos para acomodar tanta gente. Colchonetes, barracas e muito improviso foram determinantes para que tudo transcorresse na mais perfeita harmonia.

O sistema de credenciamento funcionou com muita tranqüilidade e olha que eu já tenho alguma experiência por participar de outros eventos nacionais de médio e grande porte. E, o que eu já vi por aí, me faz perceber que estamos em um momento de muito amadurecimento, disciplina e responsabilidade.

Foi a primeira vez que eu participei de uma atividade de hip-hop que garantiu café da manhã, almoço e janta, além de alojamento para todos os participantes que estavam devidamente credenciados.

Debates, oficinas e palestras foram determinantes para garantir a qualidade do conteúdo, sem contar nos convidados que marcaram presença e, que sem dúvida nenhuma enobreceram o 3º Encontro Nacional do Hip-Hop Brasil.

Quero destacar a participação de todos os grupos do rap nacional, que não só participaram do evento com suas performances de shows, como estiveram o tempo todo presentes nas discussões que aconteciam de maneira simultânea nos diferentes espaços temáticos.

Faço destaque para alguns em especial: Nelson Triunfo, Zé Brown, Marcão do DMN, DBS, Renan do grupo Inquerito Douglas do grupo “Realidade Cruel”, dentre tantos outros. Vereadores(as) como Raisule, Anderson 4P, Eva de Oliveira.

Reunir em um só evento grafiteiros, DJ’s, MC’s, b.boys e pensadores do movimento hip-hop e de fora dele, no mínimo nos faz pensar uma coisa: estamos vivenciando um momento novo dentro da nossa cultura, de muita diversidade de ideias e de perspectivas novas que garantam o futuro desta cultura, que vem transformando a realidade de quem sobrevive nas periferias do nosso país há cerca de 30 anos.

A estrutura do evento foi impecável, um palco com metragem profissional, som da melhor qualidade, iluminação a altura dos espetáculos e um serviço de logística capaz de responder a tempo os imprevistos eminentes.

A troca de informação e de intercambio com as outras cidades que lá se fizeram presentes fortaleceu ainda mais o movimento hip-hop brasileiro. Eu vi pessoas buscando a todo o instante conversar com outras pessoas, trocar telefones, e-mails, MSN’s, Orkuts e estabelecer um vinculo de amizade, ou que já existia, ou que naquele momento passou a existir.

Caminhando na noite da Praia de São Vicente, conheci um morador local que me disse: ‘’o lugar que a Nação Hip-Hop escolheu para realizar a abertura oficial do evento nunca antes na história havia sido ocupado por pessoas da periferia, quanto menos por jovens do movimento hip-hop.”

Isso me deu uma felicidade tão grande, porque naquele local estávamos quebrando tabus e reescrevendo a nossa história, sem palavras...

O show final ficou por conta das argentinas Actitude Maria Marta, que quebraram tudo em cima do palco, em seguida o grupo Face da Morte deu o seu recado com a qualidade de sempre e MV Bill finalizou o evento, fazendo um show onde ele cantou músicas dos seus primeiros trabalhos e de seus discos mais recentes. Neste momento a arena ficou consideravelmente cheia.

Não houve nenhum incidente, nenhum problema com os policiais, que estiveram o tempo todo no evento, policiando preventivamente garantindo total segurança pra todos que vieram de fora da cidade.

Quero agradecer a Prefeitura da Cidade que entendeu o objetivo deste encontro para o hip-hop nacional,

Ao Secretário de Cultura que se fez presente em diversos momentos durante as atividades e que segurou juntinho com a produção do evento, à toda equipe que contribuiu na organização do evento e à todos da Direção Nacional da Nação Hip-Hop Brasil que se mudaram há cerca de um mês antes da realização do evento para garantir que tudo pudesse correr de maneira profissional.

A leitura da carta na plenária final do evento foi emocionante, assim como o lançamento do 2º livro
Hip-Hop a Lápis- Literatura do Oprimido. A presença de autoridades como Célio Turino representando o MinC, Deputado Estadual Raul Carrion representando a Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, Ex-Delegado da Polícia Federal, Dr. Protogénes Queiroz, dentre outros.

Foi emocionante também a construção da 1º Rede Latino-Americana de Hip-Hop que foi ‘’fecundada’’ durante o evento e que marca mais um passo no fortalecimento do hip-hop Latino Americano. A eleição da nova Direção Nacional da Nação Hip-Hop Brasil foi emocionante onde eu destaco a entrada do Douglas, do Realidade Cruel, que sem dúvida nenhuma contribuirá mais ainda para o fortalecimento da Nação Hip-Hop Brasil em todo o País.

Parabéns ao conjunto de toda a nossa militância nacional, parabéns ao Aliado G, Toni C., Beto Teoria, Mercedes Alencar e à todos que contribuíram para a boa qualidade do evento.

Disso tudo fica uma grande lição para a nossa organização: “Quem sabe, faz a hora. Não espera acontecer”, é desse jeito mesmo vagabundo!

REPERCUSSÃO

O Encontro passou mas a repercussão continua...



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